A Mica

A Mica, ou Micolina-Dourada, é minha gatinha.Quando nos conhecemos, sentimos uma faísca, como se fôssemos uma da outra. Ela era muito pequena, cabia na palma de minha mão. Estava faminta e abandonada.
Quando a coloquei no colo, ela relaxou, e encostou a cabeça no meu braço.
Fui com ela na mão para o carro, e temia que fosse ficar agitada. Que nada! Ela ronronava em meu colo, e marchava na minha perna, mostrando uma confiança em mim e uma alegria por estarmos juntas.
Não estou exagerando se disser que o tempo que passamos juntas me ajuda muito. A Mica punha a cabeça no meu colo e miava baixinho enquanto eu chorava, e me lambia as lágrimas.
Às vezes, quando o céu começava a desabar sobre mim e eu dava por mim a olhar para o colo com expressão vazia, ela estava lá, onde eu precisava mesmo que estivesse.
Mas a vida não é limpa e organizada. Nossa relação não se limita às lágrimas. Para começar, eu não sou muito chorona. E a Mica é muito demonstrativa com o seu amor, sempre teve um fraco pelos mimos fora de hora. Em momentos de alegria, ela gosta de brinca de luta, e adora cordinhas balançantes.
De alguma forma, ela sabe quando preciso de um corpo quente. E, fosse o que fosse que eu precise, ele me dá, sem pensar, sem querer nada em troca além de amor. Não é apenas amor, é mais do que isso. É respeito. É empatia.
Quando tudo na minha vida é tão complexo, quando as coisas se deslocam em tantas direções ao mesmo tempo e às vezes, parece que o centro não vai aguentar, a minha relação com a Mica é tão simples e tão natural, que faz com que tudo fique bem.